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Mostrando postagens de 2025

Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra

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Nota: 8,5/10  Filmes sobre laços familiares, especialmente os que envolvem relações entre avós e netos, muitas vezes tendem ao melodrama. No entanto, Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra , uma joia do cinema tailandês, consegue fugir desse clichê, entregando uma história que é ao mesmo tempo comovente e dolorosamente real. É uma obra que explora a ambição humana e, de forma gradual, a redenção genuína, sem recorrer a sentimentalismos excessivos. A trama segue M (Putthipong Assaratanakul), um jovem universitário que, ao saber que sua avó (Usha Seamkhum) tem câncer em estágio terminal, abandona seus planos de trabalho e se oferece para cuidar dela, movido unicamente pela perspectiva de uma herança milionária. O que começa como um plano calculado para conquistar a preferência da avó, se transforma em uma jornada de autoconhecimento, à medida que M se conecta de verdade com a vida e as memórias daquela mulher, descobrindo o verdadeiro valor das relações familiares. O que diferenci...

O Vencedor

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Nota: 8/10 Filmes de esporte sempre me atraem. A história de superação e a jornada do herói, elementos tão comuns nesse gênero, cativam e inspiram, especialmente quando baseadas em fatos reais. No entanto, é raro encontrar uma obra que transcenda as convenções e se aprofunde de forma tão genuína nos dramas humanos por trás do esporte. É exatamente isso que David O. Russell consegue fazer em O Vencedor . O filme, que lhe rendeu indicações ao Oscar, é um retrato fascinante e comovente de Micky Ward, um boxeador com uma carreira instável que vive à sombra de seu meio-irmão, Dicky Eklund, uma lenda local que teve sua glória ofuscada pelo vício em drogas. A narrativa de O Vencedor não se limita aos ringues; a verdadeira luta acontece fora deles, no seio de uma família disfuncional e em meio a uma comunidade pequena. Micky Ward (Mark Wahlberg) é o protagonista, mas o coração do filme está na atuação espetacular de Christian Bale como Dicky. A transformação física e a intensidade de sua perf...

A Vida é Bela

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Nota: 9/10 Considero o italiano Roberto Benigni um dos diretores mais sensíveis de sua geração, e em A Vida é Bela , sua obra-prima, ele demonstrou uma maestria ímpar ao misturar comédia e drama de uma forma que pouquíssimos cineastas conseguiram. Não à toa, o filme conquistou três Oscars, incluindo o de Melhor Ator para o próprio Benigni e de Melhor Filme Estrangeiro. O filme nos leva para a Itália de 1939, onde conhecemos Guido Orefice (Roberto Benigni), um judeu judeu carismático e apaixonado que se muda para uma pequena cidade da Toscana e, após uma série de encontros hilários, se apaixona e conquista Dora (Nicoletta Braschi). Juntos, eles constroem uma família e têm um filho, Giosuè (Giorgio Cantarini). No entanto, a felicidade da família é brutalmente interrompida com a ascensão do regime nazista e a chegada da Segunda Guerra Mundial. Guido e Giosuè são enviados para um campo de concentração. Para proteger seu filho dos horrores indizíveis do local e mantê-lo com esperança, Guido...

Os Banshees de Inisherin

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Nota: 9/10 O diretor e roteirista Martin McDonagh tem um talento ímpar para criar histórias que equilibram o humor negro com uma melancolia profunda. Filmes como Na Mira do Chefe e Três Anúncios Para um Crime são prova de sua maestria em apresentar personagens complexos e diálogos afiados em situações absurdas e tocantes. Os Banshees de Inisherin é mais um exemplo brilhante de sua filmografia, mergulhando de cabeça em um drama cômico com ares de fábula. Ambientado na pequena ilha fictícia de Inisherin, na Irlanda, durante o período da Guerra Civil Irlandesa de 1923, o filme narra a história da amizade entre Pádraic Súilleabháin (Colin Farrell) e Colm Doherty (Brendan Gleeson). A vida pacata e monótona da ilha é subitamente virada de cabeça para baixo quando Colm, de forma abrupta e sem qualquer explicação, decide que não quer mais ser amigo de Pádraic. O motivo é simples: ele acha que Pádraic é "sem graça" e que desperdiça seu tempo com ele, o que poderia ser usado para cr...

Close

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Nota: 9/10 O cinema belga sempre surpreende com suas narrativas sensíveis e profundamente humanas. O diretor Lukas Dhont já havia conquistado o público e a crítica com seu tocante Girl (2018), e em Close (2022) ele solidifica sua posição como um dos cineastas mais talentosos de sua geração. O filme, que ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, é uma exploração delicada e devastadora da amizade e da fragilidade da infância. A história foca em Léo e Rémi, dois garotos de 13 anos que compartilham uma amizade tão forte e íntima que se confunde com o mundo particular da infância. A vida de ambos é uma celebração da cumplicidade, passada entre brincadeiras em campos floridos e no conforto de seus próprios mundos. No entanto, a chegada da adolescência e o início do ano letivo trazem consigo a pressão social e o preconceito. A amizade pura e afetuosa é subitamente questionada pelos colegas de escola, forçando Léo a se distanciar de Rémi, temendo julgamentos. O que se segue é uma...

Silêncio

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Nota: 8/10 A filmografia de Martin Scorsese dispensa apresentações. O aclamado diretor de obras-primas como Taxi Driver , Touro Indomável e Os Bons Companheiros sempre se mostrou um mestre em explorar a psique humana, a fé e a violência, e em Silêncio (2016) ele leva essa exploração a um nível mais íntimo e profundo, fazendo um de seus projetos mais pessoais e densos. Adaptado do romance homônimo de Shusaku Endo, o filme nos transporta para o Japão do século XVII, um período de intensa perseguição aos cristãos. A história acompanha dois padres jesuítas portugueses, Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garupe (Adam Driver), que viajam ao Japão em busca de seu mentor, o Padre Cristóvão Ferreira (Liam Neeson), que supostamente teria abandonado a fé. A jornada de Rodrigues e Garupe é uma odisseia de fé e dúvida. A medida que testemunham a crueldade contra os cristãos japoneses, forçados a renunciar sua fé ou enfrentar uma morte terrível, os padres são confrontados com dilem...

O Exorcista do Papa

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Nota: 7,5/10 Russell Crowe é um cara que consegue migrar por diferentes gêneros e, salvo algumas exceções, considero ter poucos filmes ruins na carreira. Aqui ele protagoniza um bom terror com direção segura e trama bem amarrada. O filme se inspira na figura real do Padre Gabriele Amorth, um exorcista-chefe do Vaticano que realizou milhares de exorcismos. Com um leve sotaque italiano, Crowe encarna Amorth de maneira carismática e convincente. Longe de ser um clérigo conservador, Amorth é um homem prático e com senso de humor afiado, que usa sua sagacidade e perspicácia para combater o mal. A trama segue Amorth numa investigação sobre um caso de possessão demoníaca que se mostra muito mais complexo e ameaçador do que a Igreja católica imaginava.  Apesar de não reinventar a roda no gênero de exorcismo, O Exorcista do Papa se destaca por sua execução. As cenas de possessão são intensas e bem realizadas, com efeitos práticos e visuais que causam um bom impacto. O roteiro equilibra bem...

Midsommar

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Nota: 7,5/10  É inegável que Ari Aster se tornou um dos nomes mais comentados do cinema de terror moderno, principalmente após o sucesso de Hereditário (2018), seu filme de estreia. Para mim, os nomes do terror atual que trouxeram frescor e originalidade ao gênero são ele, Robert Eggers ( A Bruxa ) e Jordan Peele ( Corra! ). Em Midsommar , Aster nos transporta a uma jornada perturbadora, mas de uma maneira totalmente diferente. Aqui, o horror não reside nas sombras ou em sustos inesperados, mas sim na luz do dia e na peculiar beleza de uma comunidade isolada na Europa. O filme nos apresenta Dani (Florence Pugh em uma de suas melhores performances), uma jovem que está lidando com um trauma familiar devastador. Em busca de algum refúgio e tentando se reconectar com seu namorado Mark (Jack Reynor), ela decide acompanhá-lo numa viagem à Suécia a convite de um dos amigos de Mark para participar de um festival de verão chamado Midsommar, que acontece a cada 90 anos numa comunidade remota...

Ainda Estou Aqui

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Nota: 10/10 Sem dúvida um dos filmes brasileiros mais poderosos e potentes dos últimos anos, e merecidamente ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro,   Ainda Estou Aqui surge como um grito de resistência e um tributo emocionante à força da memória e da família. O filme, dirigido com maestria por Walter Salles ( Central do Brasil , Diários de Motocicleta ), não é apenas um retrato histórico, mas um olhar íntimo sobre a dor, a esperança e a resiliência de uma família que teve sua vida virada do avesso pela ditadura militar. A trama, baseada no livro de memórias de Marcelo Paiva, segue a jornada de Eunice Paiva (Fernanda Torres), uma mulher que se vê sozinha em uma luta incansável pela verdade após o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva (Selton Mello) . Enquanto tenta manter sua família unida, Eunice enfrenta as brutalidades da ditadura militar, desafiando a opressão e buscando incansavelmente por informações sobre o paradeiro de seu companheiro. A ...

Vidas Passadas

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Nota: 9,5/10 Esse filme realmente me pegou. O cinema, em sua essência, tem o poder de nos transportar para realidades e sentimentos universais, e poucas obras recentes conseguiram isso com a sensibilidade e a sutileza de Vidas Passadas . Em sua estreia na direção, Celine Song nos presenteia com um drama romântico que foge do óbvio, explorando as complexidades das conexões humanas, do tempo e do que poderia ter sido. É um filme sobre a delicadeza de um amor que atravessa oceanos e décadas. A trama, baseada em experiências da própria diretora, acompanha Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), dois amigos de infância que se separam quando a família de Nora se muda de Seul para o Canadá. Doze anos depois, eles se reconectam pela internet, e a distância impede que a relação evolua. Mais doze anos se passam, e agora casada e vivendo em Nova York, Nora reencontra Hae Sung, que a visita. O filme então se desenrola em torno da tensão, do silêncio e dos olhares de um amor platônico, onde os prota...

Duna: Parte 2

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Nota: 8,5/10 É inegável que Denis Villeneuve se estabeleceu como um dos mestres da ficção científica moderna. Para mim, ele rivaliza com o outro grande diretor de sua geração, Christopher Nolan, apesar de eu particularmente preferir o estilo de Villeneuve ao comparar os dois. Em sua filmografia, que conta com obras grandiosas como A Chegada , Blade Runner 2049 e agora a duologia de Duna, o diretor mostra seu fascínio por narrativas épicas e grandiosas, sem abrir mão da complexidade e profundidade de seus personagens. Em Duna: Parte 2 , ele supera o nível do primeiro filme, que foi mais uma abertura de terra para o que viria a seguir, em vários aspectos. O filme continua a jornada de Paul Atreides (Timothée Chalamet) e sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), que se refugiam com os Fremen no deserto de Arrakis, após o massacre de seu povo e lar natal. Enquanto Paul se integra à cultura Fremen, aprendendo seus costumes e o controle sobre os vermes da areia, a busca por vingança contra ...

A Substância

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Nota 9/10 Em meio a um cinema que muitas vezes recicla ideias, A Substância surge como uma lufada de ar fresco, brutal e absolutamente original. A diretora Coralie Fargeat, conhecida por seu trabalho visceral em Revenge , eleva o terror corporal a um novo patamar, explorando temas como a autoimagem, o machismo e a pressão estética de forma incômoda e genial. O filme é um dos melhores de 2024 e não tem medo de ser grotesco e explora a fundo a dualidade do "eu" e a busca incessante pela perfeição. A trama, que se passa em um ambiente distópico, conhecemos Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma apresentadora de TV com anos de experiência que, ao ser demitida e substituída por uma mulher mais jovem, se sente invisível e descartável. Em sua busca desesperada por relevância, ela descobre "A Substância", um soro que promete criar uma versão melhor de si mesma, mais jovem, confiante e linda. O problema é que, para uma surgir, a outra precisa se submeter a um período de hibern...