Wicked

Nota: 8/10

Adaptar um dos fenômenos teatrais mais amados do século 21 para o cinema parecia uma tarefa quase impossível. O peso da expectativa de milhões de fãs, que sabem cada nota de cor, era imenso. A escolha de Jon M. Chu, que já havia mostrado seu talento para musicais grandiosos em Em um Bairro de Nova York, parecia acertada, mas a decisão de dividir a obra em dois filmes gerou desconfiança. Felizmente, esta primeira parte prova que o risco valeu a pena.

A história, para quem viveu fora de Oz nos últimos 20 anos, é uma releitura de O Mágico de Oz, contada pela perspectiva das bruxas. A trama foca na improvável e complexa amizade entre Elphaba (Cynthia Erivo), uma jovem inteligente, incompreendida e de pele verde, e Galinda (Ariana Grande), a loira popular, ambiciosa e aparentemente superficial. Elas se conhecem na Universidade de Shiz, onde sua rivalidade inicial evolui para um laço profundo, enquanto descobrem segredos sombrios sobre o Mágico (Jeff Goldblum) e a verdadeira natureza do poder em Oz.

O sucesso de Wicked depende inteiramente de suas duas protagonistas, e aqui o filme acerta em cheio. Cynthia Erivo, como esperado, é uma força vocal e dramática. Ela captura a dor, a raiva e a nobreza de Elphaba com uma intensidade comovente. Quando ela finalmente sobe aos céus no clímax de "Defying Gravity" (Desafiar a Gravidade), é impossível não se arrepiar.

A verdadeira revelação, no entanto, é Ariana Grande. Qualquer dúvida sobre sua escalação se dissipa em sua primeira cena. Ela não está apenas cantando; ela é Glinda. Sua voz se encaixa perfeitamente nas canções de Stephen Schwartz, mas é sua atuação cômica e, surpreendentemente, sua vulnerabilidade que brilham.

Jon M. Chu opta por uma abordagem grandiosa, priorizando cenários práticos e um design de produção deslumbrante que faz Oz parecer um lugar tangível, e não apenas um fundo verde. O filme é um banquete visual. O único ponto fraco é o ritmo; por ser a "Parte Um", ele gasta muito tempo estabelecendo o mundo, o que pode parecer um pouco lento para quem espera apenas os grandes números musicais.

No fim, Wicked é uma adaptação emocionante e visualmente espetacular, ancorada por duas atuações centrais perfeitas. É um primeiro ato poderoso que honra o material original e nos deixa contando os segundos para a conclusão da jornada.

Wicked, 2024. Classificação: 12 anos. Dirigido por Jon M. Chu, com Cynthia Erivo, Ariana Grande, Jonathan Bailey e Michelle Yeoh.

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