Close

Nota: 9/10

O cinema belga sempre surpreende com suas narrativas sensíveis e profundamente humanas. O diretor Lukas Dhont já havia conquistado o público e a crítica com seu tocante Girl (2018), e em Close (2022) ele solidifica sua posição como um dos cineastas mais talentosos de sua geração. O filme, que ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, é uma exploração delicada e devastadora da amizade e da fragilidade da infância.

A história foca em Léo e Rémi, dois garotos de 13 anos que compartilham uma amizade tão forte e íntima que se confunde com o mundo particular da infância. A vida de ambos é uma celebração da cumplicidade, passada entre brincadeiras em campos floridos e no conforto de seus próprios mundos. No entanto, a chegada da adolescência e o início do ano letivo trazem consigo a pressão social e o preconceito. A amizade pura e afetuosa é subitamente questionada pelos colegas de escola, forçando Léo a se distanciar de Rémi, temendo julgamentos. O que se segue é uma consequência silenciosa e dolorosa dessa decisão. 

Close não precisa de diálogos longos ou explicações óbvias. A narrativa é construída nos pequenos gestos, nos olhares perdidos, na distância que cresce entre os dois. A atuação dos jovens atores, Eden Dambrine como Léo e Gustav De Waele como Rémi, é um show de sensibilidade e autenticidade. Eles expressam a dor e a confusão de sua idade de forma tão crua que é impossível não se comover. A direção de Dhont é precisa, com planos que capturam a beleza e a tristeza de cada momento.

O filme também tem uma fotografia belíssima, que captura muito bem os campos europeus e combina não por acaso o vermelho intenso com o amarelo opaco, contrastando a inocência perdida com o peso do arrependimento. Close é um lembrete de como a crueldade da sociedade pode impactar as relações mais puras, e como o silêncio e a falta de comunicação podem causar feridas irreparáveis. É uma obra que ecoa muito tempo depois de sua exibição.

Close, 2022. Classificação: 14 anos. Dirigido por Lukas Dhont, com Eden Dambrine, Gustav De Waele e Émilie Dequenne.

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