A Hora do Mal

Nota: 9/10

Depois do impacto que foi Noites Brutais (2022), que na minha opinião foi muito bom até a primeira metade, o nome de Zach Cregger automaticamente entrou para a lista de diretores para se ficar de olho. Vindo da comédia, Cregger provou ter uma habilidade singular para subverter expectativas, e a tensão que ele criou em seu filme anterior gerou uma expectativa altíssima para este novo projeto, A Hora do Mal.

Neste novo filme, ao contrário do primeiro, ele conseguiu atingir excelente qualidade do início ao fim da projeção. A Hora do Mal é o melhor filme de terror do ano.

Ambientado na pequena cidade de Maybrook, a comunidade local tem sua normalidade rompida quando, em uma noite qualquer, exatamente às 2h17 da madrugada, quase todas as crianças de uma mesma sala de aula desaparecem misteriosamente de suas casas, com exceção do jovem Alex (Cary Christopher).

O roteiro, também de Cregger, não se contenta em ser um simples suspense sobre sequestro. O evento mergulha os cidadãos de Maybrook em um estado de paranoia e desespero coletivo. O foco da suspeita rapidamente recai sobre a professora da turma, Justine (Julia Garner), enquanto Archer (Josh Brolin), um pai atormentado e extremamente confrontador, busca respostas para o sumiço do filho. 

O que eleva A Hora do Mal é a sua estrutura ambiciosa, quase como um Magnólia do terror, onde múltiplas narrativas se entrelaçam em torno de um evento traumático, e a história de cada novo personagem traz novas camadas e informações a trama. Cregger não está interessado apenas no susto, mas sim em dissecar o colapso social, a busca por bodes expiatórios e a histeria que nasce do inexplicável.

O elenco entrega performances viscerais, mas meu destaque vai para Josh Brolin, que empresta uma sinceridade e dor palpáveis ao seu personagem.

Em resumo, A Hora do Mal é um épico de terror psicológico, uma fábula sombria sobre trauma intergeracional e a fragilidade dos laços comunitários. Em alguns momentos me lembrou o excelente O Lamento (The Wailing). Cregger se consolida como uma voz original e perturbadora no gênero, se juntando a nomes como Jordan Peele (que também veio da comédia), Robert Eggers e Ari Aster.

Weapons, 2025. Duração: 128 min. Classificação: 18 anos. Dirigido por Zach Cregger, com Josh Brolin, Julia Garner, Alden Ehrenreich e Benedict Wong.

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