Midsommar
Nota: 7,5/10
É inegável que Ari Aster se tornou um dos nomes mais comentados do cinema de terror moderno, principalmente após o sucesso de Hereditário (2018), seu filme de estreia. Para mim, os nomes do terror atual que trouxeram frescor e originalidade ao gênero são ele, Robert Eggers (A Bruxa) e Jordan Peele (Corra!). Em Midsommar, Aster nos transporta a uma jornada perturbadora, mas de uma maneira totalmente diferente. Aqui, o horror não reside nas sombras ou em sustos inesperados, mas sim na luz do dia e na peculiar beleza de uma comunidade isolada na Europa.
O filme nos apresenta Dani (Florence Pugh em uma de suas melhores performances), uma jovem que está lidando com um trauma familiar devastador. Em busca de algum refúgio e tentando se reconectar com seu namorado Mark (Jack Reynor), ela decide acompanhá-lo numa viagem à Suécia a convite de um dos amigos de Mark para participar de um festival de verão chamado Midsommar, que acontece a cada 90 anos numa comunidade remota. O que começa como uma viagem psicodélica e pacífica, com rituais folclóricos e paisagens deslumbrantes, logo se transforma num pesadelo à medida que eles descobrem que os rituais e tradições da comunidade são muito mais sinistros do que imaginavam.
As obras de Aster são muito focadas em mostrar como as emoções humanas e traumas profundos podem trazer intensidade ao terror psicológico por serem assustadoramente reais, e aqui, dentre todos os seus filmes, é o que considero que ele faz isso melhor. Além disso, algo que me agrada muito em Midsommar é a forma como Aster subverte as convenções do terror. A maior parte da trama se desenrola sob a luz do sol, o que cria uma atmosfera de desconforto e estranheza que é muito mais assustadora do que a escuridão tradicional. O diretor abusa de uma estética vibrante, trilha sonora envolvente e a beleza das paisagens europeias para criar um contraste perturbador com as atrocidades que se desenrolam. A interpretação de Florence Pugh é um dos pontos fortes do filme, a atriz mergulha de forma intensa na jornada de Dani, fazendo com que sua dor e desespero sejam palpáveis.
Apesar de tudo, o filme tem um ritmo lento, que pode afastar alguns espectadores. O desenvolvimento da trama pode ser arrastado em alguns momentos, fazendo a experiência do espectador oscilar, mas no final das contas, Midsommar é uma experiência cinematográfica fascinante e perturbadora, que se aprofunda nos temas de luto, trauma e pertencimento de uma forma inusitada. Adianto que não é um filme para todos, mas para quem aprecia um terror mais psicológico e atmosférico, sendo uma obra que vale a pena ser conferida.
Midsommar, 2019. Duração: 2h28. Classificação: 18 anos. Dirigido por Ari Aster, com Florence Pugh, Jack Reynor e William Jackson Harper.
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