Magnolia
O cinema de Paul Thomas Anderson é, muitas vezes, uma experiência grandiosa, épica e cheia de ambição narrativa. Em Magnolia, o diretor entrega um mosaico de histórias interconectadas que se desenrolam em um único dia em Los Angeles. É um filme longo, denso e que exige paciência do espectador, mas que recompensa com momentos de profunda ressonância emocional.
A trama, complexa e multifacetada, acompanha a vida de nove personagens cujas existências se cruzam de maneiras estranhas e, por vezes, milagrosas. Há o produtor de TV à beira da morte (Jason Robards), seu dedicado enfermeiro (Philip Seymour Hoffman), sua jovem esposa viciada em medicamentos (Julianne Moore), um ex-prodígio infantil (William H. Macy), e, claro, o tema central: o perdão, a culpa e o relacionamento problemático entre pais e filhos. Todos parecem estar carregando o fardo de seus erros e traumas passados.
O grande destaque, e talvez a surpresa mais agradável do filme, é a atuação de Tom Cruise como Frank Mackey, um guru machista e misógino que prega a dominação feminina em seus seminários. Longe do herói de ação ou do galã romântico que o consagrou em filmes como Top Gun ou Jerry Maguire, Cruise se entrega a um personagem detestável e egocêntrico por fora e vulnerável e sentimental por dentro, revelando uma profundidade e um risco que raramente víamos em sua carreira. É a performance de um ator se despindo da auto-imagem para abraçar a angústia reprimida de Frank, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar e a vitória no Globo de Ouro.
Apesar da excelência de seu elenco de estrelas e de sequências visualmente impactantes, Magnolia pode soar excessivo em sua duração, alegorias e em sua busca por significado. Anderson arrisca-se na experimentação, inclusive com uma cena musical surreal e a controversa chuva de sapos, que podem afastar o público que busca uma narrativa mais tradicional. É um filme que, embora não seja uma obra-prima unânime, é fundamental para entender a evolução de seu diretor e, principalmente, a capacidade dramática subestimada de Tom Cruise.
Magnolia, 1999. Classificação: 14 anos. Dirigido por Paul Thomas Anderson, com Tom Cruise, Julianne Moore, Philip Seymour Hoffman, William H. Macy, John C. Reilly e Jason Robards. Duração: 188 minutos.

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