Dois Papas


The Two Popes (2019) - IMDb
Nota: 8,5/10
O diretor brasileiro Fernando Meirelles, amplamente reconhecido pelo inesquecível Cidade de Deus, conseguiu contar este importante marco de sucessão do catolicismo sem ser piegas nem massante. Muito pelo contrário: o filme biográfico é extremamente divertido e agradável de se assistir. Um dos grandes motivos são as atuações sublimes tanto de Anthony Hopkins quanto de Jonathan Pryce, que tornaram as figuras dos papas muito realistas. Todo o restante fica por conta da leveza que Meirelles atribui a obra, original do canal Netflix, que por sua vez têm feito a cada ano esforços combinados para levar o máximo de filmes possível ao Oscar (este ano teve História de um Casamento, O Irlandês e Dois Papas entre os queridinhos da premiação, mas ainda não foi dessa vez).
Após a morte do Papa João Paulo II, é convocada a assembleia que elegerá seu sucessor. Quando o alemão Joseph Ratzinger (Hopkins), o Bento XVI, é eleito, a grande maioria entre os líderes do catolicismo acreditam que ele possui o perfil exato para ser o novo líder mundial da Igreja, já que sempre assumiu uma postura muito conversadora e protege com unhas e dentes tudo o que a organização prega há séculos. No entanto, com o passar dos anos, certos conflitos e intrigas começam a fazer com que Ratzinger tenha seu cargo desgastado, levando-o a querer conhecer melhor um popular padre chamado Francisco Bergoglio (Pryce), homem que cogita poder substituí-lo. Conforme conversam e se conhecem melhor, o Papa Bento percebe que ele e Francisco possuem ideias totalmente diferentes: o que talvez seja ideal para o catolicismo no momento, que passa por instabilidades e precisa de mudanças urgentemente a fim de continuar a manter seus fiéis.
O filme é muito bacana porque humaniza os homens que estão entre as quatro paredes do Vaticano, mostrando um pouco o que se passa em suas mentes e evidencia que eles possuem inseguranças e temores, assim como todos nós, talvez de forma amplificada pela pressão mundial que sentem sobre seus ombros. Fernando Meirelles fez aqui um trabalho memorável e conseguiu fazê-lo sem desrespeitar a imagem nem dos líderes eclesiásticos e nem da Igreja Católica em nenhum sentido, porque apenas contou uma história inspirada em fatos de forma singela, sem pretensão de causar grandes estardalhaços com isso. E essa simplicidade fez toda a diferença.
PS: sem querer dar mais spoilers, a cena final é a cereja do bolo!

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